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A França voltou a bombardear nesta terça-feira (17) a cidade de Raqqa, no centro-norte da Síria, considerada a "capital" do Estado Islâmico, anunciou o ministério francês da Defesa.
Os ataques se somaram a outros lançados mais cedo nesta terça pela Rússia, disse uma fonte francesa.
"O Exército francês conduziu pela segunda vez em 24 horas um ataque aéreo contra Daesh [acrônimo em árabe do EI], em Raqqa, na Síria", indicou o ministério em comunicado.
A ofensiva, lançada às 22h30 de segunda-feira em Brasília, contou com a participação de dez caças -Rafale e Mirage 2000- que saíram de bases nos Emirados Árabes e Jordânia e lançaram 16 bombas, missão similar à ocorrida no domingo.
"O ataque, realizado em coordenação com as forças norte-americanas, foi lançado contra locais identificados durante missões de reconhecimento realizadas anteriormente pela França."
ONDE FICA RAQQA
Moscou também atacou alvos do EI nesta terça, horas depois de confirmar que o avião russo da Metrojet que caiu no último dia 31 foi derrubado por uma bomba. A admissão do governo russo de um ataque terrorista é feita quatro dias após os atentados em Paris.
O EI havia reivindicado o ataque, que matou 224 pessoas que iam da cidade egípcia de Sharm el-Sheikh para São Petersburgo.
O Reino Unido confirmou também ter atacado posições do EI na segunda (16), no norte do Iraque, em apoio a tropas curdas em solo que lutam contra a facção.
ESTADO DE EMERGÊNCIA
O presidente da França, François Hollande, anunciou na segunda-feira que apresentará nesta quarta (18) uma proposta para estender por três meses o estado de emergência, em vigor no país desde os ataques em Paris.
"A França está em guerra. Mas não estamos em uma guerra entre civilizações, porque esses assassinos [responsáveis pelos ataques em Paris] não representam nenhuma. Estamos em guerra contra o terrorismo jihadista, que ameaça o mundo inteiro", disse Hollande nesta segunda em discurso a parlamentares reunidos no Palácio de Versalhes.
Hollande afirmou que buscará emendar a Constituição para melhorar a forma como o governo lida com situações de crise. O mandatário quer que a Legislação do país permita que o governo retire a cidadania francesa de pessoas com dupla nacionalidade que apresentem "riscos de terrorismo".
Dentre os terroristas responsáveis pelos ataques em Paris, está foragido Salah Abdeslam, 26, cidadão franco-belga. Ele alugou o Volkswagen Polo preto que levou terroristas à casa de shows Bataclan, onde foram mortas 89 pessoas.
Hollande também pediu o aumento do orçamento destinado às forças de segurança e ao Exército francês. O presidente disse que a França irá "intensificar suas operações na Síria", após os 20 ataques aéreos contra a milícia radical Estado Islâmico (EI) realizados domingo à noite. "Não haverá hesitação e nenhuma trégua."
"Eu considero que, nessas circunstâncias, o pacto de segurança prevalece sobre o pacto de estabilidade", disse o presidente, referindo-se aos limites orçamentários estabelecidos para os países da zona do euro.
Hollande também anunciou que irá pedir ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas uma resolução destacando "a vontade comum de lutar contra o terrorismo."
O líder francês disse que deve encontrar nos próximos dias os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e Rússia, Vladimir Putin, para "unir forças" e propor a formação de uma grande coalizão internacional para combater o EI.
Atualmente, EUA e Rússia realizam bombardeios contra o EI na Síria de forma independente. Desacordos entre as duas principais potências militares com relação ao lugar do ditador Bashar al-Assad no futuro Síria representam o principal entrave nas negociações internacionais para pôr fim à guerra civil no país árabe. O conflito abriu espaço para que o EI aumentasse sua influência na região.
Na noite de sexta-feira (13), extremistas supostamente ligados à milícia radical EI atacaram diversos pontos da capital francesa, deixando quase 130 mortos e centenas de feridos.
Após os atentados, Hollande anunciou o fechamento das fronteiras do país e estabeleceu o estado de emergência.
Esta é a primeira vez que as autoridades francesas decretam estado de emergência em todo o país desde a Guerra da Argélia (1954-1962). Com a medida, o governo tem poder de controlar o tráfego e fechar espaços públicos.