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Presidente do Data Popular, instituto criado para estudar as emergentes classes C e D, o comunicólogo Renato Meirelles afirmou nessa terça-feira (13), em passagem pelo Recife, que apesar de descontentes com o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), esse segmento do eleitorado ainda vê o ex-presidente Lula (PT) como capaz de fazer diferente, acha que a oposição é tão ruim quanto o governo atual, e acredita no projeto de país com programas sociais que o PT prometeu na última campanha eleitoral.
Em meio a discussão sobre um eventual impeachment, o pesquisador, que veio a Pernambuco para uma palestra no RioMar Shopping, conta que quando questionados sobre o motivo que leva determinados políticos a quererem tirar outro do cargo, a maioria dos entrevistados afirma que é por interesse em ocupar o mesmo lugar, e não para melhorar a vida do cidadão.
"A população está muito frustrada com os rumos do Brasil. Eles acham que o governo não está entregando tudo aquilo o que devia. O que reelegeu a presidente Dilma foi um projeto de país que defende igualdade de oportunidades, como o financiamento da educação com o Prouni e o Fies. E o que acontece é que esse projeto em que a população acreditou não começou a ser implementado nesse segundo mandato e a população está bem frustrada com isso", afirmou Meirelles, em entrevista à Rádio Jornal.
Ele avaliou ainda que como Lula indicou Dilma para concorrer a presidência, a queda de popularidade da petista acaba afetando a imagem do antecessor. "Por outro lado, também é verdade que o presidente Lula é a última lembrança de um político que governava o Brasil na época em que o país estava crescendo e dando certo. Então, quando você pergunta para as pessoas quem é que pode fazer algo de diferente, o presidente Lula aparece com muita força", assinalou.
Ao JC, Renato Meirelles disse que é possível dizer com certeza que a oposição crescerá nas classes C, D e E, tradicional eleitorado lulista, mas não bastará o discurso "do contra" para chegar a Presidência da República. "A população brasileira está meio cansada desse 'Fla-flu' da política que existe hoje", comparou. "O brasileiro das classes C e D está muito incomodado com a atual situação do país. Muitos deles defendem, sim, o impeachment. Mas não conseguem enxergar o que é o dia seguinte do impeachment e pensar, na prática, se o amanhã dele vai ser melhor do que é hoje", explicou.
Segundo Meirelles, apesar do momento de crise e do forte estímulo ao consumo nos últimos anos, o Brasil ainda tem muito para crescer em seu mercado interno. "Consumir não é ruim, não é pecado. Tem que vir junto com educação, com saúde, com oportunidade. Mas de jeito nenhum alguém do seu carro de ar-condicionado tem moral para criticar um jovem que conseguiu comprar uma moto parcelada, conseguiu um emprego e hoje está contribuindo para a renda da família", se queixou.
(Fonte: JC)