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A semana começa polêmica. Pesquisa do Instituto Datafolha revela que 50% dos brasileiros concordam que os criminosos devem ser mortos. É o famoso clichê: "bandido bom é bandido morto".
No total, 1.307 pessoas de 84 municípios responderam ao levantamento encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Destas, 45% são contrárias à morte. Por faixa etária, as estatísticas mudam. Enquanto 53% dos jovens entre 16 e 24 anos discordam, 65% dos idosos com mais de 60 anos favoráveis à morte dos bandidos.
O sentimento de impunidade é um dos principais fatores que levam os cidadãos a terem em mente a morte como punição aos que cometem crimes. E é aí que os governantes precisam unir esforços ao Poder Judiciário para mudar esse pensamento.
Como justificar que o autor de um assassinato fique mais de cinco ou até dez anos aguardando para ser julgado? E não é incomum que em alguns casos os acusados fiquem em liberdade, por concessão judicial. Como o familiar de uma vítima morta, diante de tanta dor, pode entender a demora para que a justiça seja feita?
O papel do Estado e do Poder Judiciário não acaba quando os criminosos são presos e condenados. Pelo contrário. A segunda etapa é ainda mais desafiadora: a ressocialização. Hoje, no Brasil, o déficit nos sistemas prisionais é de mais de 200 mil vagas. No espaço de uma cela onde só cabem cinco, há 30. Isso sem contar a falta de higiene e segurança. Um exemplo, em Pernambuco, é o Complexo Prisional do Curado (antigo Aníbal Bruno) - considerado um dos piores presídios da América Latina e palco de rebeliões constantes.
No final, óbvio, não há ressocialização. E o drama continua: acredita-se que cerca de 70% seja o índice de reincidência criminal no País. Sem o Estado garantir a mudança de comportamento dos criminosos e sem efetivo policial suficiente para dar segurança à população, como é possível mudar o pensamento de que "bandido bom é bandido morto"?
(Fonte: Edenevaldo Alves)